Sempre achei bastante interessante aquela cena de Jesus com o cego. O evangelho diz que sabendo que era Jesus quem passava por ali, o cego começou a gritar "Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!". A Palavra ainda diz que muitos o repreendiam, mas aí que ele gritava mais alto.
Então o texto sagrado conta que Jesus parou e o chamou:
"Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: 'Que queres que te faça?' 'Rabôni', respondeu-lhe o cego, 'que eu veja!'" Lucas 18, 40-41
Será que o cego iria pedir um guarda-roupa novo?! Ou um emprego ou uma casa? É óbvio que o cego desejava enxergar, não é? Não. Nada é óbvio.
Você já deve ter visto pessoas entregues ao alcoolismo e, por mais que o médico diga "mais um gole e você morre", a pessoa continua bebendo. Não parece óbvio que ela deveria parar de beber para continuar viva? Mas muitas dessas pessoas continuam bebendo até a morte.
Não parece óbvio que uma mulher que apanha do homem com quem mora, deveria deixá-lo? Mas quantas se submetem a isso, em silêncio, e acham que a vida é assim mesmo?
Não parece óbvio que o fim de usuário de drogas é a autodestruição, destruição da família e até morte?
Mas quanto estão, neste exato momento, acendendo o primeiro baseado ou cheirando a primeira carreira de cocaína?
Citei aqui situações extremas. Mas quantas realidades você talvez viva sem se dar conta de que sejam debilidades que necessitam de auxílio do alto? Ou prisões interiores que precisam da atuação libertadora do Espírito Santo?
A prisão da inveja, por ainda não estar vivenciando na sua vida aquilo que tem pedido incessantemente a Deus. A prisão da opinião dos outros, que te faz usar máscaras dependendo do ambiente em que está: igreja, trabalho, faculdade. A prisão do orgulho, que te faz sentir uma pessoa melhor só porque agora você tem buscado a Deus.
Poderia citar inúmeras prisões que, muitas vezes, se tornam guarda-chuvas e que impedem a Graça de Deus alcançar sua vida.
O fato é que Deus age no nosso livre arbítrio. Imagine se o cego não se importasse em ser cego e estivesse acostumado com aquela realidade. Se Jesus não perguntasse e simplesmente o fizesse enxergar, será que ele usufruiria ou daria valor ao milagre? Certamente não. Por isso, é preciso ter consciência do que você precisa, de fato.
Deus sabe o que você precisa. Resta, agora, você olhar dentro de si com toda a franqueza e reconhecer onde você ainda não deixou Ele entrar.
Toda cura interior precisa, necessariamente, passar pelo autoconhecimento. Entender quem somos diante de Deus, como estão as dimensões do nosso ser (bio-psico-espiritual), quão necessitada de cura está nossa autoimagem, como estão as nossas emoções, qual a nossa missão pessoal, vocação e chamado. Tudo isso é processo de autoconhecimento.
Somente ao reconhecer onde Jesus precisa agir, saberemos responder a pergunta Dele: O QUE QUERES QUE EU TE FAÇA?
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