Depois de um ano da partida do nosso filho Heitor, estávamos grávidos novamente.
Apesar da grande alegria que acompanha a notícia de um novo bebê a caminho, o medo de uma possível perda me assombrou nos primeiros meses.
Confesso que achei que seria mais simples viver a nova gestação. Já havia passado quase um ano desde a passagem do Heitor por nossas vidas, já havia vivido o luto. Mas, apesar de todo nosso processo desde o diagnóstico da síndrome de Edwards no 6º mês até a partida do Heitor ter sido muito amparado pelas mãos de Deus, não há como negar a ferida emocional que ficou. Por um simples fato: vivo uma fé encarnada, porque sou humana. Estar em Deus não nos imuniza da dor. O próprio Jesus chorou diante da morte de Lázaro, seu grande amigo. Imagine eu, diante da partida do meu filho?
Chorei. Chorei muito. Ainda choro. E sinto essa saudade eterna do Heitor e daquilo que não vivi: de cada fase que uma mãe experimenta ao lado seu filho.
O fato é que a alegria inicial de saber que estava grávida novamente, aos poucos, foi dando lugar à apreensão.
Na a primeira ultrassom, tremia, coração disparado. A médica que realizava o exame, mexeu no volume do aparelho e logo eu pensei “ela não está encontrando os batimentos cardíacos do bebê ”. Um alívio imenso ao ouvir o som mais doce que uma mãe pode ouvir: o coraçãozinho batendo a 140 por minuto!
E assim foram os primeiros meses de gestação. Até que, lendo a carta do Papa “Amoris Laetitia”, uma frase do pontifície me alcançou: “Essa criança merece sua alegria.”
Desde então, minha oração era para que eu me alegrasse verdadeiramente. Que aquela apreensão, aquele sentimento de uma notícia ruim iminente desse lugar à leveza da graça de gerar um filho pra Deus. Porque o bebê que crescia no meu ventre merece minha alegria.E assim aconteceu: o medo deu lugar à esperança.
Porque para curar as feridas da alma, Jesus nos pega pelas mãos e faz o caminho novamente conosco.
Penso que Deus ouviu minha oração. Passei a me sentir mais tranquila e leve. Até porque, nenhuma mãe tem controle de absolutamente nada que se refere a gestação. A nós, resta esperar. Porque é Deus quem tece a nova vida no nosso ventre!
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